Se a situação já está crítica para o bolso do consumidor que vem lidando com aumentos constantes no custo de vida, ela fica vermelha para o uso de cartão de crédito rotativo, com juros acima de 330% a.a, e uso do cheque especial, que atinge maior valor de juros dos últimos 18 anos, 208,7% ao ano.
Inflação elevada já marca o começo de 2015, impulsionada pela alta da energia, aumento dos combustíveis e dólar que, por sua vez, eleva também o valor dos importados. Segundo os últimos dados divulgados pelo Banco Central, de abril de 2013 a janeiro deste ano, os juros no cheque especial passaram de 137% para 208%, maior patamar desde 1996, e nas operações com o rotativo do cartão o aumento ainda foi mais escandaloso, passando de 282% para 334% ao ano, maior nível desde junho de 2012.
O rotativo do cartão refere-se aos juros que incidem quando os clientes não pagam o valor total da fatura.Situação muito comum em épocas de inadimplência crítica e aumentos abusivos por todos os lados.
O momento exige cautela, já que empréstimos e financiamentos estão mais caros, devido o aumento da Selic, o que tem afastado os consumidores do comércio. Por sua vez, lojistas investem em promoções para atrair clientes, mas é hora de segurar as pontas e pensar bem sobre uma compra parcelada dentro de orçamentos já enxugados pelo elevado custo de vida.
É recomendado que clientes bancários evitem essa linha de crédito, exceto em momentos de extrema necessidade e por um período reduzido de tempo, já que o endividamento pode gerar uma bola de neve e comprometer todo o orçamento.
Quanto ao consumidor é hora de cortar gastos; substituir produtos; evitar o uso de cheque especial e cartão de crédito, uma vez que utilizado este recurso, quitar integralmente a dívida, evitando servir-se do crédito rotativo; investir em compras à vista e dentro do orçamento familiar.
É hora de economia e adequação financeira à situação incerta do país, fugindo, assim, de enquadrar-se nas crescentes estatísticas de inadimplência e endividamento, que assustam a população e, principalmente, a classe empresarial. Cenário delicado que exige cautela, pesquisa e organização orçamentária das famílias brasileiras.
Dr. Luciano Duarte Peres é presidente da Comissão de Direito Bancário do Instituto dos Advogados de Santa Catarina e presidente do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor Bancário.
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