Como as mudanças e aumentos refletem no dia a dia de pessoas e empresas

2015 está dando os seus primeiros passos, mas já é perceptível que vai trazer um pouco de preocupação com as variações financeiras que estão acontecendo no âmbito nacional.

Podemos citar para ilustrar este artigo o aumento nos valores das passagens do transporte coletivo, como exemplo trazemos as cidades de São Paulo, com valor de tarifa que passou para R$ 3,50; Rio de Janeiro que passou para R$ 3,40 e Florianópolis que aumentou para R$ 3,10. Os aumentos nessas capitais passam dos 10% em cada local.

Para os consumidores: Entre tantos gastos, tais como aumento do valor dos alimentos, reajuste nas escolas, material escolar, água, luz, internet, plano de saúde, entre outros compromissos, ter um gasto a mais e tão alto com o transporte pode fazer com que as dívidas aumentem, já que precisarão apertar o cinto em alguma área, deixando de pagar alguma das contas ou o que é pior: utilizar o cartão de crédito sem consciência ou apelar para crediário para algumas compras.

Para as empresas: Os empresários precisarão pagar a mais para os funcionários o valor referente às passagens, consequentemente terão mais gastos, normalmente não planejados, já que os valores são ajustados sem um aviso prévio e com isso trarão reflexos e reajustes em outras áreas, como o desconto nos seus produtos ou serviços. Como uma bola de neve em algum momento será preciso um reajuste e aumento do valor daquilo que é oferecido, gerando a inflação.

Outro ponto importante é que muita gente nem percebeu, mas as contas de luz estão mais caras. Desde o primeiro dia do ano passou a vigorar o sistema de bandeiras tarifárias de contas de luz, que nada mais é do que uma cobrança extra, que vigora de acordo com a necessidade de energia.

Essas bandeiras são como semáforos de trânsito indicando as condições de geração de energia no país em cada estado. A estratégia é consequencia do uso das usinas térmicas pelas distribuidoras de energia, já que as hidrelétricas estão com reservatórios baixos.

O sistema funciona da seguinte forma: Quando a conta de luz vier com bandeira verde, significa que os custos para gerar energia naquele mês foram baixos e assim a fatura não terá acréscimo. Já na bandeira amarela a tarifa terá acréscimo de R$ 1,50 a cada 100 kWh consumido. E com a bandeira vermelha, é sinal que o custo da geração naquele mês está mais alto, com maior acionamento de termelétricas, o repasse, consequentemente mais salgado é de R$ 3,00 a cada 100 kWh. Lembrando que esse custo pode variar dependendo da região.

Os consumidores irão desembolsar mais pela conta de luz, não sabendo ao certo quanto virá na conta, para um planejamento exato, pois já existe um aumento natural pelo uso de eletrodomésticos no verão, como ar condicionado e ventilador.

Já os empresários terão reflexos ainda maiores, já que no verão é necessário deixar os aparelhos de ar condicionado mais tempo ligados, inclusive durante as noites, já que é preciso manter os computadores e servidores resfriados para um melhor funcionamento. Além disso, as salas tendem a ficar com as cortinas fechadas, exigindo também que as lâmpadas fiquem acesas por pelo menos oito horas diárias, mais uma vez o reflexo virá para os produtos e serviços prestados que devem compensar o “estrago” dessa mudança na conta de luz.

Enfim, como se já não bastasse os aumentos já citados, 2015 será marcado também como um ano de ajustes das contas públicas, e o saldo será repassado à população, cenário este já evidenciado pelas recentes e ainda tímidas medidas adotadas pelo Governo Federal. Mas a grande expectativa é com relação aos tributos, cujo anúncio do plano de atuação do Ministério da Fazenda, que tem como missão arrecadar, se aproxima. Mais do que nunca é preciso cautela nesse cenário de instabilidade e incertezas.

* Dr. Luciano Duarte Peres é especialista em direito financeiro, presidente da Comissão de Direito Bancário do Instituto dos Advogados de Santa Catarina e presidente do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor Bancário