Artigo: A árdua tarefa de acertar as dívidas

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Ser um endividado hoje é uma tarefa complicada. Além de sofrer as dificuldades de ter seu nome sujo, o consumidor tem que ficar atento às cobranças indevidas de tributos, aceitar juros altíssimos e ainda passar horas no telefone escutando mensagens eletrônicas na tentativa de um contato direto para sanar a dívida ou fechar um acordo de parcelamento. As dificuldades não param por aí. Depois de transferido algumas vezes, quando o endividado enfim consegue resultado, as dificuldades passam a um novo patamar, a negociação dos valores cobrados, o prazo de parcelamento e os juros agregados exorbitantes.

As renegociações são feitas caso a caso, dependendo do valor de cada dívida, mas nem sempre é possível chegar a um montante viável para que o consumidor, enfim, quite seu débito. Volta-se, então, ao ponto inicial. Na tentativa resolver as pendências, a procura por um novo crediário é outra opção mais do que comum. Neste caso, a briga é na hora de analisar a liberação do crédito, pois, na maioria dos casos, o endividado já está com o nome negativado. As instituições bancárias, que não querem mais clientes devedores, possuem critérios avaliação de risco do empréstimo com os quais verificam dados como idade, empregabilidade, salário, comprometimento da renda com parcelamentos e histórico de pagamentos.

Até o volume de investimentos do consumidor na financeira e o número de consultas realizadas por outras financiadoras em um curto período são analisadas pelas instituições. Os clientes com mais de 30% da renda comprometida com dívidas, por exemplo, são considerados de alto risco pela elevada probabilidade de se tornar inadimplente. Seguindo as estatísticas, as chances reais de um endividado conseguir adquirir crédito são ínfimas, deixando-os fora do contexto de aprovação. Porém, não seriam estes consumidores os que mais precisariam de crédito?

Os clientes potenciais que poderiam aproveitar a redução dos juros bancários estão apenas gastando seu tempo na tentativa, sem sucesso, de acertar as dívidas com as instituições financeiras. Enquanto os demais consumidores, que mantinham suas contas em dia com pagamentos à vista, aproveitam os baixos juros e as reduções de IPI para realizar seus sonhos com parcelamentos sem saber que, em um futuro nada distante, o montante gerado poderá levá-los também ao endividamento. Retrato da ditadura monetária da qual a sociedade como um todo se tornou refém.

 

Luciano Duarte Peres é advogado especialista em direito bancário e presidente do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor Bancário (IBDConB).

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